Seja bem-vindo quem vier por bem!

As paixões são como ventanias que enfunam as velas dos navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveria viagens nem aventuras nem novas descobertas (Voltaire).

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TENHO O ENCANTO DAS ENCANTADORAS

senhora a valsar foto Q & A e Ken Browar e Deborah Ory

 

Eu sou melodia, sou valsa, sou emoções, sou mar revolto bramindo com fúria e sou também a prata das águas que as estrelas fazem brilhar em noites de veludo. Tenho o encanto das encantadoras e a frieza dos desiludidos. Sou valsa, sou tango, sou calor e sou gelo. Sou verdadeira, incapaz de ser falsa, mas inteligente para já saber que a palavra é de prata quando o silêncio é de ouro. Sou melodia, sou valsa, sou emoções desavindas ou controladas.

Sou uma sonhadora, uma tonta e, uma querida ou inimiga passageira. Não me dou com o mal e sempre pedi ajuda para quem me traíu. Já fui traidíssima e amada como só os poetas sabem amar. Em delírio, em paixão, em loucura. Pisco os olhos às estrelas, afago as nuvens, dou o braço ao vento e falo com a infinidade dos Oceanos mas não sou marada. Sou filha deles!

Sou um sono e muitos sonhos onde já me aconteceu de tudo Já estive no Paraíso, já acompanhei Jesus, já sonhei com pessoas de quem não gosto mesmo nada e nunca conheci pessoalmente. Já afaguei algumas e já desanquei noutras. Sou assim: doce e amarga, tonta e certinha. Rodopio, danço, sorrio à Vida, às flores, aos animais, às pedras (“eu hei-de amar uma pedra…”) e… sorrio para ti, meu amor.

(Maria Elvira Bento)
(foto:Ken Browar/Deborah Ory)

TARDE DE ASAS SOLTAS

senhora e senhor ballet

Houve um silêncio feliz naquela tarde de asas soltas, de mãos juntas, unidas, formando uma concha morna onde se sentia o pulsar da circulação nas veias dos pulsos unidos, desafiando a força, o equilíbrio, sem lugar para palavras ou pensamentos. Ali, não havia história, existia apenas a história sem história de duas pessoas de bem que viviam para dentro uma cumplicidade perfeita porque sincera, sem dramas, sem espaço para escutar pensamentos. Cabeça vazia. Coração calmo. Apenas o saborear doce daquele momento de uma tarde de Sol brilhante que sempre fascina, envolve e protege. Não, ali, naquele silêncio feliz de uma tarde estival, nada mais teria feito sentido do que um esboçar de um sorriso sedutor, gerador de emoções.

(Maria Elvira Bento)

ENVOLVE-ME, COMO SE AS TUAS MÃOS FOSSEM ASAS DE ANJO

senhora com toque no ombro  Elie Saab

Que os teus braços me envolvam como se as tuas mãos na minha cintura fossem asas de anjo. Toca-me mansamente e leva-me ao som da melodia sedutoramente envolvente. Leva-me para espaços inebriantes onde as tuas mãos me amparam nos sons musicais suaves e entontecedores que nos cadenciam os passos ao ritmo que nos leva, sem gritos, sem memórias, sem apelos que provocam e seduzem como se o ontem não tivesse acontecido.

Há tanto ritmo no meu corpo e há tanta sedução em ti. Vem comigo alegrar a vida ao compasso da melodia que nos une, quero ser a rosa que te prende com a sua fragrância. A valsa parou e nós paramos, sem som e sem magia sentimos a paixão que nos segreda. Comove-me a ligeireza do teu toque acetinado,mas não há, efectivamente, amor maior do que aquele que nos sabe agarrar, prender, enfeitiçar com um sorriso, um olhar e um toque quase imperceptível que nos abre o coração.

(Maria Elvira Bento)
(Foto: Elie Saab)

INVENTO-TE EM CADA BATER DE ASAS

senhora do véu

Não há amor, há encantamento. Não há vitória, há luz interior que adoça o coração. Há ondas de perfume pelo ar que marcam sensualidade. Ficamos Sóis entrelaçados nos sorrisos, nos olhares, nas palavras por dizer. Há um esplendor crescente que cintila na pele tocada, olhada, devorada, num quase ritual de contenção sem fragilidades mas intensamente acariciante. Tu existes, sim, mas eu invento-te, reinvento-te em cada respiração, em cada olhar, em cada bater de asas, no lugar onde os sonhos se realizam. Invento-te, reinvento-te, no meu coração que te seguirá para lá das montanhas do Mundo.

(Maria Elvira Bento)

ABRI ASAS E PROVOQUEI A VIDA

senhora no baloiço

O tempo parou enquanto, perdida, procurava agarrar o chão que fugia. O vento, indiferente, continuava a pintar vida nas folhas que rodopiavam e caíam. Abri as asas, provoquei a vida e voei. Perdi-me de admiração em admiração ao olhar nos olhos das pessoas. Neles, há tantos sortilégios, encantos e desencantos. Há tanta vida por contar. Enquanto, confusa, sentia que não conseguia agarrar o momento, lembrei-me que o meu coração precisava de bater e, aí, confessei que o amava. Ele ouviu-me e, readquiriu o entusiasmo perdido. Tinha criado raízes desmotivadoras mas o vento, nas minhas asas, voltou a deixar-me em harmonia. E eu abri-as à vida. Imperfeita, na sua perfeição.

(Maria Elvira Bento)